quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O Tarô Mitológico


Ao ser iniciada nesta jornada, tinha apenas 11 anos, não entendia 99% do que era realmente o Tarot. As ínfimas combinações e situações possíveis descritas por ele me confundiam (e às vezes ainda confunde!). Separei algumas informações para os aficionados pelo tema e que gostariam de adentrar nesta arte algum dia. Espero que tenham uma ótima jornada!

O Tarô Mitológico ou Tarô Mítico (The Mythic Tarot) foi criado por Juliet Sharman-Burke em co-autoria com Liz Greene, conhecida astróloga inglesa. As ilustrações das cartas ficaram a cargo de Tricia Newell. Esse trabalho veio a público em 1988 e no mesmo ano ganhou uma versão brasileira, com tradução de Anna Maria Dalle Luche, publicada pelas Edições Siciliano.
Nada melhor, para começar, que algumas palavras das autoras retiradas da introdução do livro O Tarô Mitológico, uma nova abordagem para a leitura do Tarô: Existem duas alternativas para a abordagem das cartas do Tarô. A abordagem histórica, basicamente factual e concreta, e a abordagem psicológica, basicamente arquetípica. Com a primeira, podemos explicar — ou pelo menos tentar explicar — as origens e as primeiras intenções das cartas. A segunda, porém, conduz a uma questão de fascínio eterno, a psique, muito embora sejamos atualmente muito desenvolvidos cientificamente e dotados de conhecimentos bastante extensos.
No mundo da psique, as experiências não estão ligadas pela casualidade, mas pelo significado. Existem outros padrões, que não os concretos, operando dentro de nós e, a menos que possamos compreender alguma coisa sobre a psique, as estranhas coincidências das cartas do Tarô poderão se apresentar diante de nós como altamente assustadoras ou mesmo profundamente perturbadoras.
As ligações entre os fatos de nossa vida cotidiana e o Tarô não existem porque as cartas sejam mágicas, mas sim porque há um significado associado.
É o que queremos dizer com o nascimento, a morte a puberdade enquanto experiências externas e internas. Deparamo-nos com essas experiências em diferentes níveis e em diferentes momentos da vida e dessa maneira haverá sempre uma carta do Tarô que poderá descrever cada uma delas e que irá aparecer misteriosamente num jogo, sem qualquer motivo aparente, num momento em que estejamos experimentando, talvez interiormente, aquela situação arquetípica. Dessa maneira, a forma como o Tarô opera com relação à previsão nada mais é de que uma espécie de espelho da psique.
A natureza arquetipica das imagens aciona um reflexo no intérprete que vislumbra uma situação talvez desconhecida, uma espécie de insight, em relação ao consulente, revelando aparentemente coisas que não poderiam ocorrer ou aparecer em nenhuma outra circunstância racional. É por essa razão que a clarividência ou outras manifestações paranormais não são pré-requisitos para um leitor sensível, mas representam na verdade a conscientização dos padrões arquetipicos ou as correntes de forças que atuam em nossa vida e que são refletidas pelas imagens das cartas do Tarô.

Os Arcanos Maiores
Os arcanos maiores nesse tarô compõem uma série de imagens que descrevem diferentes estágios de uma viagem.
É a viagem do Louco que é a primeira carta da seqüência e, portanto, não tem número.
Trata-se da viagem da vida que todos os homens fazem desde o nascimento, onde percorrem uma infância protegida, representada aqui pelas cartas do Mago, da Imperatriz, do Imperador, da Sacerdotisa e do Hierofante; passa a seguir por uma adolescência conflituosa, aqui representada pelas cartas dos Enamorados e do Carro.
Caminha, a seguir, pela maturidade com seus desafios, perdas e tomadas de decisões, que podem ser representadas pelas cartas da Justiça, da Temperança, da Força e do Eremita.
Em momentos importantes atravessamos crises, perdas e súbitas mudanças de vida representadas pelas cartas da Roda da Fortuna, do Enforcado e da Morte.
Segue-se o despertar para a transformação, num confronto consigo mesmo representado pelas cartas do Diabo e da Torre, até chegar a realização do objetivo, representado aqui através das cartas da Estrela, da Lua e do Sol.
O Sol, por sua vez, conduz o homem para uma nova viagem, antes fechando o ciclo através das cartas do Julgamento e do Mundo.
Os símbolos dos arcanos maiores dão mais sentido à vida, pois muitos outros antes de nós já passaram por isso e ultrapassaram os obstáculos.
Nenhuma das 22 cartas pode ser considerada totalmente positiva ou totalmente negativa, elas devem ser consideradas etapas mais fáceis ou mais difíceis dependendo do tipo de experiência e do investimento de energia que estamos dispostos a oferecer para esse processo.
Esta viagem é um processo dinâmico e deve ser considerado como um espiral com estágios que podem passar pelo mesmo tema, mas sempre com um nível mais alto de amadurecimento em relação a ele.

Os Arcanos Menores
Os quatro naipes do tarô simbolizados pela taça (copas), pelo bastão (paus), pela espada (espada) e pelo pentáculo (ouro) descrevem as histórias mitológicas nas quatro dimensões ou esferas da vida.
Na filosofia grega se acreditava que todas as coisas manifestadas eram feitas através dos quatro elementos. Nesse caso o naipe de copas (taça) corresponde ao antigo elemento água e ao mundo dos sentimentos, o símbolo da taça sempre esteve relacionado com o coração. O naipe de paus (bastão) corresponde ao antigo elemento fogo que a tudo transforma sem ser alterado, e está ligado ao fazer e à criatividade. O naipe de espadas corresponde ao antigo elemento ar e está relacionado ao poder ambivalente da mente e do pensamento. O naipe de ouros (pentáculo) corresponde ao antigo elemento terra, a experiência do corpo e ao dinheiro.
De um modo geral, os naipes ou elementos desdobram em detalhes e em um nível pessoal maior, a viagem arquetípica retratada pelas 22 cartas dos arcanos maiores.
Cada naipe focaliza em detalhe um aspecto daquele ciclo maior.

 
O naipe de copas conta a lenda de Eros e Psique, uma aventura especifica da evolução e o amadurecimento dos sentimentos.

 Os desenhos do naipe de copas mostram desde um amor idealizado, uma projeção de paixão irreal, a passagem por muitas provações e dificuldades até que esse amor possa ser humanizado e compartilhado com as pessoas ao redor.

O naipe de paus conta a história de Jazão e os Argonautas em busca do Velocino de Ouro, uma aventura que gira em torno da imaginação do homem e do quão longe ele consegue chegar em nome dos seus ideais.

Os desenhos do naipe de paus mostram um Jazão inexperiente aceitando uma missão difícil, a sucessão de aventuras sem descanso, o impulso sem racionalidade de se lançar às coisas e não pensar a respeito delas, a competição e a ambição e, por fim, o equilíbrio entre a liderança e a realidade das suas próprias forças.

O naipe de espadas fala da história de Orestes e a maldição da Casa de Atreu, lenda fúnebre repleta de conflitos e derramamento de sangue que ilustra um momento da viagem do louco cheio de turbulências, brigas, mas também de criatividade: a capacidade da mente humana de criar o bem e o mal.

Os desenhos do naipe de espadas se iniciam com um crime depois com grandes mudanças na vida de Orestes pelas batalhas que tem de travar, pelo medo das coisas que deve encarar e a sabedoria de discernir entre o saber quando agir e quando se preservar. O final do ciclo é saber usar os atributos das estratégias da mente em sua forma mais perfeita.

O naipe de Ouros conta a história de Dédalo, escultor e artesão que construiu o labirinto do Minotauro. É uma lenda sutil e seu herói tem muitas nuances, pois é, na realidade, um misto de vilão e de homem bom. Esse mito retrata os problemas e as vitórias que o homem conquista ao lidar com fracassos e recompensas.

Os desenhos das cartas começam com o naipe de ouros. Dédalo no inicio de sua ascensão, quando desenvolve suas habilidades, saboreia os primeiros frutos do seu trabalho, começa se prender demais ao seu dinheiro até que perde tudo que juntou e tem de descobrir novos talentos para sair dessa crise.